A lembrança está ao meu lado durante todo o dia. A coragem para eliminá-la demora a chegar. Fica o medo de que aqueles dois anos sejam jogados no armário, junto com aquelas coisas sem importância e jogadas fora em época de mudanças de endereço.
Os olhos embaçam, o coração dispara. Ao mesmo tempo em que a tristeza chega rápido para lembrar que não haverá mais momentos felizes, a mente lembra dos já passados. O almoço, as compras no supermercado, a primeira janta, o vinho, o filme, as primeiras palavras. Os inéditos e novos carinhos, o calor, a proximidade. Os primeiros beijos, e aquela noite.
Todas as atitudes surpreendiam. Conhecer e ficar mais próximos eram os passos certos para chegar o dia do pedido, da lâmpada, dos chocolates, do eu te amo. Crescia o apego, o carinho, o desejo. Os sonhos começavam a fazer sentido.
As coisas amadas em comum. A fotografia, as viagens, a culinária, os futuros loirinhos. Coisas que tu aprende a gostar pelo outro. A aviação, o jornalismo. Busca diária de empregos na mesma cidade e de internet para se falar quando se estava longe.
A alegria se manifestava pelas pequenas coisas. Aquelas insignificantes. Tudo era melhor e mais alegre. Nenhum esforço era em vão, como o de dormir juntos na cama de solteiro.
Então, o dia amanheceu cinza. Os rostos começaram a ser estranhos. O que os fazia felizes não tinha mais sentido. As brigas por um fio de cabelo se tornaram comuns. O sorriso não mostrava mais os dentes. Por um erro, perdeu-se a confiança. Eu percebia que por mais que eu tentasse e fizesse de tudo para o sorriso e a felicidade voltarem, era tarde.
A imagem dos nossos pés me lembra que queríamos seguir o mesmo caminho. Que os planos eram feitos para isso. Mesmo assim, vejo que nenhuma coragem será suficiente para esquecer e guardar o que restou ao meu lado, o porta-retrato.
Lindo e triste! Sentimento é tudo! Beijos.
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