domingo, 12 de setembro de 2010

Falar, poder falar, não falar.



Sempre fui uma pessoa que fala muito. Quando pequena conversava pelos cotovelos com meus pais. Gostava muito quando eles me contavam histórias e depois de alguns anos virei uma contadora de histórias. E vocês conhecem crianças. Crianças são verdadeiras, espontâneas, e falam o que querem. Crianças são sinceras. Adultos não.

Crianças não se preocupam com o que vai acontecer a elas se elas forem extremamente sinceras. Normalmente todos as acham fofas, meigas, e até riem das sinceridades-verdades contadas por elas. Adultos pensam antes de falar. Pensam se aquelas palavras trarão consequências graves e ruins para suas vidas.  

Mas, as pessoas têm medo de falar? Ou o medo não é o de falar e sim o medo da interpretação do receptor? Confesso que em menos de dois anos, eu mudei. Bom, todo mundo sempre muda o tempo inteiro, mas eu mudei o que eu pensava sobre falar tudo.

Sempre pensei que tudo que eu fazia ou que acontecia comigo tinha 50% de chances de dar certo e 50% de chances de dar errado. Então, eu metia a cara, falava o que eu queria, fazia o que bem tinha vontade. Eu não tinha medo das coisas darem errado, o que eu realmente esperava era que com essa minha atitude as chances das coisas darem certo poderiam ser bem maiores do que se eu não fizesse nada.

O que acontecia antes era que eu me preocupava comigo, com o meu bem-estar, com a minha vida, com as minhas vontades. E isso de falar o que se tem vontade, e o que realmente se sente mudou. Hoje eu tenho medo de falar. Eu deixo de falar as coisas para não me decepcionar, e principalmente para não decepcionar os outros.

Eu não tenho medo só da decepção. Eu tenho medo de falar e não ser compreendida. Eu tenho medo de falar e pagar mico com algo muito absurdo e fora da realidade  - que eu achava ser real.

Eu sei as consequências de não falar o que eu quero e o que eu sinto, eu só ainda não coloquei tudo na balança pra pesar se é melhor falar ou não falar. E claro, quando você sabe o que os outros pensam e sentem, e sabe que é recíproco, falar não é um problema.

Há um sinal para sabermos a hora certa de falar? Tenho saudades de ser criança e falar. Tenho saudades de não ter que medir palavras, nem atitudes. Tenho saudades de poder ser eu mesma, sempre. 

domingo, 5 de setembro de 2010

Eu não me importo.


Sabe aqueles dias em que as mínimas coisas viram grandes coisas? As pessoas, em geral, costumam realizar tempestades em copos-d’água. Mas, as pequenas coisas não deveriam se tornar grandes coisas. Nada é o fim do mundo, até que ele acabe realmente.

E o que seria a solução para que pequenas coisas não virassem grandes coisas? Eu digo que não se importar seria uma bela solução. O problema dessa hipótese de solução é realmente não se importar. Quem consegue não se importar com nada? Quem consegue não dar bola para nada?

Tirou nota baixa no colégio, faculdade ou em qualquer outro lugar que exija um estudo de ti? Fácil, estude mais. Se ralou estudando e mesmo assim não foi bem? Quem se importa?

As coisas andam bem no trabalho? Não? Teu chefe já olha de cara torta? Quem se importa além de ti? Não consegue tempo pros amigos? Eles irão parar de se importar, logo que cansarem de tentar te ver e tu dizer que não. Ninguém mais vai se importar.

Está doente? A mãe, com certeza é quem mais se importa. Caso tu more longe da mãe, morreu playboy. Praticamente ninguém vai se oferecer pra ir em alguma emergência contigo – ainda mais com as filas intermináveis e o tempo de espera gigantesco dos hospitais para te atender. Ou seja, não se importe. Mais do que morrer, ninguém vai. Eu acho.

Deixou de falar o que devia para alguém especial, que por isso já não é mais tão especial? Ninguém se importa. Ninguém sabia. Deixou de se entregar plenamente com medo do que o outro sente? Quem se importa? O problema é teu. A teimosia também. O orgulho, muito mais.

E agora? Fica aí, sentado, lendo esse texto e esperando que tenha alguma única alma que se importe? Espere sentado. Se depender da importância que tu quer que os outros dêem pra ti, pros teus valores, pros teus sentimentos e pros teus atos... tu não vai viver mais. Só vai se preocupar à toa.

Talvez, eu só queria não me importar. Porque o mal das pessoas é se importarem muito. E se importando muito, criam muitas expectativas. E muitas expectativas serão para sempre só expectativas.

Quer saber? Cansei de me importar com esse texto. Eu definitivamente não quero mais me importar. Quero apenas viver e ser feliz. Pensando bem, quem se importa com o que eu quero?