Sempre fui uma pessoa que fala muito. Quando pequena conversava pelos cotovelos com meus pais. Gostava muito quando eles me contavam histórias e depois de alguns anos virei uma contadora de histórias. E vocês conhecem crianças. Crianças são verdadeiras, espontâneas, e falam o que querem. Crianças são sinceras. Adultos não.
Crianças não se preocupam com o que vai acontecer a elas se elas forem extremamente sinceras. Normalmente todos as acham fofas, meigas, e até riem das sinceridades-verdades contadas por elas. Adultos pensam antes de falar. Pensam se aquelas palavras trarão consequências graves e ruins para suas vidas.
Mas, as pessoas têm medo de falar? Ou o medo não é o de falar e sim o medo da interpretação do receptor? Confesso que em menos de dois anos, eu mudei. Bom, todo mundo sempre muda o tempo inteiro, mas eu mudei o que eu pensava sobre falar tudo.
Sempre pensei que tudo que eu fazia ou que acontecia comigo tinha 50% de chances de dar certo e 50% de chances de dar errado. Então, eu metia a cara, falava o que eu queria, fazia o que bem tinha vontade. Eu não tinha medo das coisas darem errado, o que eu realmente esperava era que com essa minha atitude as chances das coisas darem certo poderiam ser bem maiores do que se eu não fizesse nada.
O que acontecia antes era que eu me preocupava comigo, com o meu bem-estar, com a minha vida, com as minhas vontades. E isso de falar o que se tem vontade, e o que realmente se sente mudou. Hoje eu tenho medo de falar. Eu deixo de falar as coisas para não me decepcionar, e principalmente para não decepcionar os outros.
Eu não tenho medo só da decepção. Eu tenho medo de falar e não ser compreendida. Eu tenho medo de falar e pagar mico com algo muito absurdo e fora da realidade - que eu achava ser real.
Eu sei as consequências de não falar o que eu quero e o que eu sinto, eu só ainda não coloquei tudo na balança pra pesar se é melhor falar ou não falar. E claro, quando você sabe o que os outros pensam e sentem, e sabe que é recíproco, falar não é um problema.
Há um sinal para sabermos a hora certa de falar? Tenho saudades de ser criança e falar. Tenho saudades de não ter que medir palavras, nem atitudes. Tenho saudades de poder ser eu mesma, sempre.
Acho que quando criança temos menos pudores e muitas vezes fazemos nossas mães passarem vergonha por dizermos coisas do tipo "não gostei desse presente"; "vovó" - para uma pessoa que ainda nem é vó - entre outras tantas coisas, mas a gente vai crescendo e nossos pais nos ensinam a não falar tudo que nos vem a cabeça e acho que é a partir deste momento que começa o nosso problema de não falar as coisas pelo modo que as pessoas podem interpretar. Não posso dizer que tenho uma opinião formada sobre falar ou não as coisas, adoraria poder dizer que falar tudo é o melhor, mas eu não acho bem isso, porque eu tenho medo da reação da pessoa que está escutando então muitas vezes eu prefiro calar, guardar pra mim, mas até que ponto isso é saudável? Quem disse que a outra pessoa não está simplesmente esperando você dizer isso? Ou quem disse que a outra pessoa também não quer dizer a mesma coisa e tem medo? Poisé, quando tu descobrir quando é a hora certa de falar, me avisa..
ResponderExcluirpensar, pensar, pensar, pensar e não falar....
ResponderExcluirpq pensar tanto e falar tão pouco?
isso sempre acontece.... mas uma coisa é certa,
é melhor falar, tentar e ser feliz, independente do que aconteça, do que só pensar que um dia as coisas poderiam ser diferentes e nunca saber o que realmente aconteceria ....
eu acho q não precisamos falar tudo não! pq falar verdades? quem precisa ouvir verdades?
ResponderExcluirfalar é recíproco, a outra pessoa precisa querer ouvir. eu não falo. só qdo eu tenho certeza. eu prefiro ouvir.
Achei bárbaro esse texto. Me identifiquei demais. Sempre fui muito falante e algumas vezes até penso que falo demais. Mas também tem muita coisa que eu julgo importante e não consigo expor. Outras vezes, procuro pensar mais antes de falar, pois sou meio impulsiva. Acho importante pensar antes de falar, mas admiro pessoas autênticas e sinceras como as crianças que falam o que pensam sem maldade. Como a Mari escreveu "temos receio de não sermos compreendidas". Tem esse problema de interpretação...Mas a liberdade de falar é tão bom...embora a realidade se mostre diferente. Sou profissional da Comunicação e amo o que faço. Adoro escrever...falar...conversar e conhecer pessoas. A gente está sempre aprendendo com os outros. Atualmente estou pensando mais antes de falar e ouvindo bem mais. E, o mais importante é que estou me sentindo muito melhor assim. Parabéns pelo texto colega!!!
ResponderExcluirHá algumas coisas que não podem ser revertidas, como nos ensina o ditado: "Leite derramado e palavra pronunciada não dá prá recolher". Mas vejo que há diferença na pronúncia das palavras: há aquelas que edificam e há as que destroem.É minha opinião que a verdade não pode deixar de ser dita. Mas devemos reter a palavra que ofende e destrói.
ResponderExcluirÉ bem verdade que algumas pessoas não querem ouvir a verdade ou não estão preparadas para ouvi-la. Por isto é importante não dizê-la de qualquer jeito. Sempre digo que muito depende da forma como a gente diz as coisas. Para que a verdade possa ser assimilada, é preciso que seja dita com ternura, cuidado e carinho.
É como um presente: você pode dar de qualquer jeito. Mas se vem embrulhado com um papel bonito, valoriza ainda mais o presente. A verdade, para ser assimilada e valorizada, precisa de "vaselina".
O jornalista, então, tem uma responsabilidade imensa quando fala, pois uma notícia escrita não é apenas mais uma versão ou resultado de uma visão da leitura pessoal do fato, mas adquire valor de verdade. Ainda mais quando cada vez mais tudo tem que ser feito "em cima do lance". É uma profissão de muita responsabilidade.
Por fim: tive dois sentimentos ao ler o texto: 1. Amadurecimento, pois estás te dando conta da importância do falar. 2. Preocupação: fiquei pensando: o que aconteceu que motivou a escrita deste texto.
De qualquer maneira: adoro teus textos. Tava mesmo na hora de escrever mais um.