segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma estranha na praia.


Quando eu era criança e/ou adolescente, praia era a coisa que eu mais amava na vida. Pelo menos eu acho que era, pois eu sonhava com as férias de verão por saber que a família ia de mudança para o litoral. Nunca tive casa na praia. Então, nunca tive vizinhos, amigos, amores de verão e aquela galera da bagunça que sonha o ano inteiro para o verão chegar. Sempre fui pra praias diferentes. Não me importava. Eu ia pra onde meus pais me levavam e o que interessava mesmo era fazer castelinho na areia e tomar banho de mar. 

Depois de algum tempo, quando tomei minha, digamos que, “liberdade” – e isso significa morar sozinha e ser independente financeiramente –, comecei a planejar viagens com amigos e turmas, expressão mais conhecida como galera. Enfim, foram duas idas catastróficas à praia, pois o ritmo e ideia que eu tinha de aproveitar momentos no litoral era completamente diferente. Ou seja, ir à praia com a família é completamente diferente de ir à praia com a “galera”. 

A primeira ida foi para passar o réveillon em Capão da Canoa. Isso era final do ano 2008. Lá na beira-mar, enquanto o povo todo estourava espumantes e as rolhas caíam em cabeças aleatórias, eu desisti de pular as sete ondinhas e só pensei sobre todas as coisas que eu queria que acontecessem em 2009. O dia da virada foi o mais legal. O problema é que a “galera” queria fazer mil coisas ao mesmo tempo, e não parava de falar, de gritar, de agitar. E sempre com uma piadinha. Eu acordava cedo, deixava todos dormindo, e ia caminhar sozinha.

A outra viagem planejada com as gurias foi agora, no último feriado. Fui pro Rosa, em Santa Catarina, pra ver se eu conseguia deixar de ser menos metropolitana, digamos. Um dos meus objetivos era de ficar cinco dias sem “entrar na internet”, já que passo umas 18 horas por dia na web e, confesso, não acho isso legal. E consegui. Cinco dias fora do meu mundo. 

E você deve estar pensando qual é o problema disso tudo. O problema é que ir à praia com a “galera” não é a minha praia, nunca foi a minha rotina de praia. Eu não ia pra noite, não ficava horas na praia, não fazia amizades. Eu não fazia festa 24 horas por dia, que é o que eu percebo que acontece. As pessoas querem curtir, conhecer gente, eeuseilamaisoque. Eu não. Eu quero ir pra praia para descansar, pra ficar na minha, pra fazer o que eu gosto – e eu sei que eu deveria agradar mais ao coletivo, mas eu não consigo ficar 24 horas “ligada na tomada”. 

Aliás, eu fico andando com um protetor solar. Eu voltei mais branca do que fui. Eu não consigo ficar horas queimando ao sol para ficar com uma cor “dourada”. Eu nem tomei banho de mar como eu fazia quando eu era criança – tava frio. Aliás, eu nem sei se eu curto as músicas que tocam na praia – conhecidas como reggae -, e também não curto os surfistas sarados. Eu nem gosto de frutos do mar. 

Acho que eu não amo mais praia como antigamente. Vou comprar uma rede pro apartamento em Porto Alegre e aproveitar com a brisa do Guaíba. Virei metropolitana demais.