terça-feira, 4 de novembro de 2008

Águas de Outubro.

Outubro é um mês perto do verão. O calor já está chegando e ninguém espera e gosta de dias chuvosos. Na semana do dia 20 de outubro de 2008, o estado do Rio Grande do Sul foi surpreendido por vários dias chuvosos, começando na terça e dando uma trégua no sábado. Várias cidades do Vale do Taquari entraram em alerta, pois as águas das chuvas estavam enchendo seus rios. E no domingo, dia 26, dezenas de famílias da cidade de Estrela tiveram que ser retiradas de suas casas e alojadas em outros lugares. Dia 27, segunda-feira, o ponto máximo das cheias, a cidade poderia ter parado, pois estava praticamente ilhada, mas as pessoas saíam de suas casas pela curiosidade de ver “a enchente”. Até a Brigada Militar estava sem seu local de trabalho, estava abaixo da água. Saí para registrar os momentos. Peguei a câmera analógica na Universidade na sexta-feira, pois iria fazer o ensaio sobre grupos de danças alemãs, mas acabei mudando a pauta de última hora. Com o equipamento nas mãos, me atrevi e cheguei a pedir para entrar em casas onde a enchente havia invadido para alguns clicks. As famílias preocupadas em me receber, e ao mesmo tempo com medo do rio subir, um centímetro que fosse. Pela manhã fui caminhando pelo centro até os bairros da cidade que também foram atingidos. Belvedere, escadaria, ponte-baixa, ponte-alta, avenida Rio Branco, Coronel Müssnich, Coronel Brito, parque Princesa do Vale, antiga cervejaria Polar. Pela tarde, quando o nível da água já estava baixando fui até a rua que liga ao Bairro Auxiliadora que estava interrompida. Consegui ir a um dos prédios mais altos da cidade para fazer um registro aéreo do leito do rio. Foram mais de 60 fotos tiradas. Algumas fotos selecionadas para a edição final do ensaio foram feitas com máquina analógica FM3, outras por câmera digital compacta. Estava prevendo algum erro nessas câmeras com filme, pois já tive problemas. Como previa, o primeiro filme que tirei não deu certo e tive que recorrer às imagens da câmera reserva. Um trabalho que pode ser incluído na pauta clima e realizado por muitos repórteres fotográficos para os jornais locais e estaduais.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A escolha.

Cada cidadão tem o direito de escolher seus governantes. O desenvolvimento e a história de um país acontecem em função de pessoa eleitas, de partidos criados, de ações realizadas. No Brasil o voto é obrigatório dos 18 aos 69 anos, ou seja, grande parte da população vai às urnas de dois em dois anos para escolher seus representantes. Organização é a palavra-chave para a política. Sem pessoas “liderando”, ou melhor, governando o país, tudo seria mais desorganizado e corrupto. Cada um sabe o que seu candidato propôs quando votou nele, e sabe que deverá cobrar e fiscalizar sua governança. O que deve ser melhorado no sistema brasileiro não pode ser aplicado no dia em que todos vão às urnas, mas durante todo o processo de campanha eleitoral. As pessoas precisam ter melhores critérios para a escolha dos candidatos, principalmente à vereadores municipais. Além do mais, os candidatos deveriam ser mais bem preparados. Sugiro um teste de conhecimentos gerais para todos. Um mínimo de conhecimento, inteligência e esperteza.

Como se fosse uma cidade.

Tem um administrador, mas não é o prefeito municipal. Também tem visitantes e “moradores fixos”, além de funcionários, lojas, biblioteca, guardas de trânsito. Tudo precisa ser organizado como em uma cidade do interior. Assim é a Unisinos que, por conta disso, apresenta uma série de semelhanças com Teutônia, cidade localizada no Vale do Taquari. Pode-se citar o setor de obras, saúde, cultura, e economia. Firmam parcerias, incentivam a cultura e elaboram estratégias de crescimento. Há também diferenças: na instituição de ensino paga-se uma mensalidade para freqüentá-la, na cidade interiorana paga-se impostos. Estacionamento pago e vigiado na universidade, enquanto que em Teutônia as ruas normalmente são livres. A média de faixa etária também é diferente. E alguns serviços ainda não são encontrados na Unisinos, como supermercado, imobiliária, revendas de automóveis. O comércio é mais voltado para a vida dos universitários. Há muitas pessoas envolvidas na administração da cidade e da universidade, mas as regras, leis e objetivos são diferentes, o que com certeza é levado em conta para que uma universidade não fosse emancipada. A instituição é prioritariamente voltada para a educação, diferentemente da cidadezinha, que tem que dar conta do bem estar coletivo. Na Unisinos, o movimento é mais intenso à noite enquanto na cidade a maioria se recolhe para o descanso.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sexta-feira, 12.

Sexta-feira, 12 de setembro. O encontro estava marcado para as 14 horas em um lugar público. Fechei a porta do apartamento contando até quatro para conferir se tinha tudo comigo: chave, dinheiro, documento, chocolate.

Era 13h53min quando coloquei o pé na rua em direção à parada de ônibus que me deixaria o mais rápido possível na frente do Shopping do bairro Floresta. A barriga estava doendo de nervoso. Ou seriam borboletas no estômago? Era um sentimento bom, nunca sentido antes nos meus vinte anos. Ao mesmo tempo, uma sensação de que tudo poderia dar errado: que o santo não batesse, que os gênios se odiassem, que o beijo não fechasse.

Sentei no lugar combinado, de costas para o movimento. De repente ouço uma pessoa ao meu lado e sinto aquele abraço, para mim nervoso, mas aguardado por algum tempo.

Mãos geladas, olhos brilhando, coração acelerado. Esse era o sentimento. Nada mais no mundo importava naquele momento. E cada passo dado juntos era um motivo a mais para que eu percebesse que quero estar sempre ao seu lado, sendo abraçada. Cada segundo a mais me dizia que éramos o limão inteiro, bem docinho.

E o tempo passou. Não foi possível pará-lo naquela tarde nublada, perfeita mesmo assim. E o beijo de final de filme, no meio da rua, capturado por câmeras aéreas em zoom out. Só faltou o narrador com o texto: e foram felizes para sempre.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A melhor universidade.

Na última semana foi divulgada pelo Ministério da Educação a lista das 40 melhores universidades do Brasil. A avaliação realizada não se baseia somente nas notas do Enade, como também conceitua corpo docente e estrutura.

A Universidade do Vale do Rio dos Sinos classificou-se em 38º lugar, sendo a melhor particular do estado do Rio Grande do Sul, e está entre as três melhores do Brasil. Acredito que reitoria, professores e alunos estejam satisfeitos com o resultado e ao mesmo tempo orgulhosos em poderem participar da história da instituição.

Nós, como alunos, muitas vezes criticamos palestras e atividades oferecidas. Reclamamos das aulas, dos polígrafos, das avaliações, dos métodos utilizados e do professor. E isso é por que achamos tudo de mais, ou é por sermos muito exigentes?

O preço que vem impresso no boleto bancário pago todos os meses deveria abrir os nossos olhos para aproveitarmos cada instante dentro da instituição. Momentos para um maior aprendizado e para um círculo social. O tempo que passamos no ensino superior, freqüentando aulas, fazendo provas, entregando trabalhos em grupo será a base de experiência e formação para a vida profissional.

Acredito que a valorização da instituição ainda acontecerá em algum momento, nem que seja quando já estivermos longe dela. E junto disso, o arrependimento por não ter aproveitado cada segundo no meio acadêmico.

A Unisinos está fazendo a sua parte. Corpo docente e estrutura são ótimos. O que resta agora é fazer seus alunos valorizarem a instituição, e se empenharem, principalmente, para uma vida melhor.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Entretenimento na programação.

Existem centenas de canais, centenas de programas, dezenas de gêneros. Programas para todos os tipos, gostos, raças, classes, horários. E para que você assiste televisão? Para se informar ou para se entreter?

A TV pública tem determinado tipo de investimento para fazer sua programação principalmente com telejornais e com programas infantis. Sua audiência é baixa, comparada a outros canais em horários nobres como o das 21 horas. E qual seria a solução para uma maior audiência?

Entretenimento. É o que praticamente todo telespectador quer ver quando senta no sofá e pega o controle remoto. Fica zapeando para descobrir algum programa que lhe dê prazer. Nada que faça pensar muito, já que a rotina do brasileiro é trabalhar o dia inteiro para chegar em casa, descansar e assistir um romance na novela.

A presidente da EBC diz que a TV pública não precisa necessariamente ter audiência e seguir os mesmos padrões globais. A pluralidade é garantida assim, com programas educativos e noticiosos. Mas para que investir em uma televisão que não dá retorno? Que não dá audiência? Que nem é transmitida para todos os estados brasileiros.

Eu pago imposto. Parte desse dinheiro é investido para montar os programas e nem sequer tenho sinal onde moro.

Acredito que se deveria investir para transmissão do canal público para todo país, fazer campanha publicitária divulgando a grade de programação, e montar programas diferenciados. Não somente infantis, telejornais e documentários. Começar a realização de um entretenimento inteligente que dê audiência e estimule a realização de mais e mais programação diversificada.

Enquanto não houver informação como entretenimento, o povo brasileiro continuará a dar preferência para as novelas, onde não se absorve nenhum conhecimento ou informação. Onde só há ilusão de um mundo perfeito, onde no final tudo acabará bem. Bem ao contrário de nós, brasileiros.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Não ao circo do aborto.

Aborto. Todos têm alguma opinião ou comentário a fazer quando o assunto entra em pauta. Uns se declaram a favor, outros contra. A questão toda é que o aborto é crime e não estamos discutindo o por quê de você ser contra ou a favor. E aborto precisa continuar sendo crime.

Sabe-se que se caso houvesse a desregulamentação desse crime, o país seria repleto de clínicas que realizariam abortos. Aliás, no início, seria um grande investimento. Muitas seriam abertas e então começaria uma publicidade abusiva. “Quer se livrar desse problema, seguir sua vida normal? Trate-se conosco”.

O país passaria a registrar o dobro de números de abortos. Os jovens deixariam de se prevenir em suas relações sexuais, porque se a garota engravidar será fácil: é só abortar. Não haverá a necessidade de dar à luz àquele ser, ou então, de realizar o aborto em clínicas clandestinas, como fazem agora.

Além dessas questões, ainda há fatores ligados à saúde. Realizar um aborto não é saudável para o corpo da mulher, se não haveria pencas o realizando para estarem bem. E a ciência afirma que a partir do momento que o embrião se forma já há uma vida, um sentimento, uma pessoa.

É inacreditável pensar que há humanos corajosos o suficiente para tirar a vida de um ser indefeso, incapaz de responder o seu desejo, que é o de viver.

Eu não quero a desregulamentação do aborto, mas, assim como prevê a constituição, aceito que pessoas que sofreram abuso sexual tenham o direito de abortar para não ter que criar filhos de pessoas criminosas.

sábado, 21 de junho de 2008

O que olha lá de cima.

Ele circula nos corredores do Centro de Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos há cerca de cinco anos. Mais do que aluno, mais do que professor, Edelberto Behs é o coordenador do curso de Jornalismo e tem 48 professores para guiar. Diferentemente do que se imagina, ele não chama a atenção com roupas de grife. Estava vestindo na noite de quinta-feira, 12, Dia dos Namorados, calça jeans, sobretudo cinza e sapato preto. Deixa transparecer um homem calmo, que tenta resolver a maioria das situações, como alguma manifestação dos críticos alunos, com a boa e velha conversa.

Sempre foi interessado pelo jornalismo, e sempre sonhou em fazer isso. Seu pai ouvia muita rádio na época em que morava em Estrela, cidade interiorana com cerca de 30 mil habitantes. Admirava muito o trabalho nas rádios, e infelizmente nunca teve a oportunidade de trabalhar nessa área.

Quando estudante, além dos cursos superiores de Jornalismo na FAMECOS e de Teologia na EST, ele também estudava muito a língua alemã. Dedicado ao jornalismo, nunca exerceu a função de pastor, até porque se considera tímido e não gosta muito de falar em público. Entrevistas? Ele já se acostumou e não se preocupa mais com isso. Afinal, faz parte da profissão.

Hoje mestre, já trabalhou em veículos de comunicação como o Jornal Evangélico, a Folha da Manhã e a Folha da Tarde. Em 1998 foi desafiado e convidado a implantar o curso de Comunicação Social – Jornalismo, no Instituto Superior e Centro Educacional Luterano de Santa Catarina (IELUSC). Como já havia trabalhado na Assessoria de Imprensa da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), tinha boas referências e mudou-se com a esposa e com um de seus dois filhos para Joinvile.

Em 2003, a Unisinos procurava um novo coordenador para o jornalismo e Edelberto resolveu aceitar mais esse novo desafio. Trabalhando numa instituição Jesuíta ele afirma que a religião não faz diferença, pois respeita unidades diferentes de ensino e a linha seguida por cada uma.

Behs, que gosta de pescar quando está de férias jogando o tempo fora e pensando na vida, também afirma que é eclético no estilo musical. Não chegando ao ponto de ter funk nos CD´s favoritos do carro, ou em sua lista de preferidas. Música sacra, clássica, jazz e blues são seus favoritos. Na hora da torcida por times de futebol, ele confessa que é ecumênico. É gremista, embora tenha um título do Internacional, que seu pai comprara há muitos anos, um para cada filho.

Curioso na leitura, e jornalista precisa ser, está lendo três livros diferentes no momento. Um deles é da autora Lucia Schneider Hart sobre o curso implantado em Joinvile. Entre os favoritos está: romance, autores latino-americanos e obviamente livros sobre comunicação. As matérias que mais gostava de fazer quando fazia reportagens eram as de cunho social. Chegou a trocar experiências com tribos indígenas no estado do Amazonas.

Entre uma pergunta e outra dos alunos da disciplina de Redação Jornalística II, com a professora Thais Furtado, algumas são sobre o curso e a comunicação social. O que ele acha que mudou e as diferenças entre os alunos e os currículos da época em que ele se formou e os de agora. Opiniões sobre determinados temas e assuntos, em especial sobre as novas tecnologias. Perguntas que o coordenador deve responder a todo instante e a toda entrevista. Conforme Behs “antigamente fazia-se mais reportagens e hoje a tendência é a espetacularização e o entretenimento”.

Quando perguntado sobre o que acha do mundo acadêmico, Edelberto responde que é desafiador, pois é uma área nova para os profissionais. Ele jamais deixou de aceitar novas experiências e acredita que todos seus trabalhos tenham sido importantes. Quando questionado da pouca aparição em entrevistas e falas em eventos, afirma que não é preciso aparecer, que somente é preciso dar condições para os outros se estabelecerem.

Difícil mesmo é encontrar algum registro de imagem do coordenador sorrindo. Sério em suas poses, acredito que queira mostrar como leva sua profissão e afirma: “- Faria tudo de novo.”

domingo, 15 de junho de 2008

Cor-de-rosa.

Era uma vez um garoto. Certo dia ele resolveu sair de sua cidadezinha interiorana de Montenegro para estudar e ser alguém na vida, ou melhor, um engenheiro. E a capital do Rio Grande foi o seu destino.
Era um vez uma senhora muito rica. Seu filho, que também morava na capital, teve seu apartamento decorado por ela. Seus gostos não fechavam e ele queria outros móveis. A senhora então, doou os móveis.
O garoto do interior teve sua vida completamente modificada e melhorada pelas doações dos móveis da senhora. O apartamento alugado era vazio, e agora ele tinha pelo menos uma sala da jantar com crista leira e quatro poltronas cor-de-rosa. É, cor-de-rosa.
Ele estava muito feliz com a doação, ainda mais que é daltônico e nem se importava das poltronas serem rosa. O importante é que eram confortáveis. Ele usou e abusou das doações da senhora rica.
Até que em certa terça-feira muito fria em 2008, o guri se vê obrigado a se desfazer de suas lindas poltronas. O motivo? A doação foi pedida de volta, mas não a sala de jantar, somente os objetos cor-de-rosa. Conforme as investigações, a dona tenha redecorado sua casa com tons de rosa e queria suas antigas poltronas. A cor fecharia exatamente com a da pétala do novo papel-de-parede.
Ao garoto montenegrino, só resta se deliciar, não com as poltronas, mas com o sofá. Sofá, pinhão e Malhação.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Tarde Vazia?

Dia quente em Porto Alegre. O termômetro da Av. Sen. Salgado Filho marcava 29ºC no dia 20 de maio. Essa semana os gaúchos estão vivendo um veranico.

Saio de casa. Meu destino final é o Parque Farroupilha. Sei que é terça-feira, mas é melhor ficar sem fazer nada lá do que trancada no apartamento em frente à TV ou ao computador.

Antes disso, tive que passar no CFC. Fez um ano que conseguir tirar minha CNH, a provisória e agora pego a definitiva. Atrasada, fui às pressas para a Redenção encontrar meu amigo, novo amigo, velho amigo..., como quiserem.

O chafariz foi o local de encontro. Mesmo eu não sabendo muito bem onde era, encontrei algo parecido e fiquei lá esperando. E achei que eu que estava atrasada. Enquanto isso, eu lá sentada com uma cara de quem não sabe com que cara ficar, olhando os cachorrinhos que lotam o parque.

Assim que minha companhia chegou, o mate rolou solto e o papo também. Fazia tempo que eu não me sentia tão bem com uma pessoa. Além de não parar de falar, ainda rimos muito de várias histórias loucas e do tempo de colégio. Falar em falar, é quase impossível ficar em silêncio quando eu estou no meio. Sempre tenho alguma coisa pra falar, uma história pra contar.

E o tempo foi passando. O sol se pôs. Era hora de me despedir e ir para a aula, como a aluna dedicada que sempre fui. E tudo acabou com um “Brigada, até mais”.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Apaixonando-se.

É tudo tão bom quando se está com uma pessoa que fecha contigo. Os assuntos, os abraços, os beijos, o jeitinho. É tão ótimo saber que pode contar com ela, fazer confidências, rir, chorar, comentar sobre programas de televisão (negativa ou positivamente). Mas o melhor de tudo é saber que a outra pessoa sente a mesma coisa. Receber uma ligação, uma mensagem, conversar, perceber que se lembra de ti.

E o pior de tudo, eu não acredito que possa haver um sentimento recíproco, mesmo querendo que existisse. Eu só queria descobrir o por quê. As pessoas têm medo de demonstrar os sentimentos? Medo de decepção e depois ficar meses em recuperação. Não sei se estou fazendo certo ao escrever esse texto, mas cansei de esconder. Que exploda. Eu fiz o que achei certo, o que estava engasgado aqui há muito tempo.

Essas coisas de paixões sempre acontecem quando tu menos espera, ou menos quer. Mas não adianta. Se desse pra mandar no coração eu ia escolher um cara certinho, fiel, que não saia trovando todas e que me ame de verdade. Infelizmente, a gente não pode fazer isso, e também não pode escolher o que sentir. A única coisa a ser feita é se permitir...

Eu sinto saudades. Fico a semana inteira esperando aquela hora do final de semana, pode ser minuto. Mas já me faz feliz. E é tudo tão perfeito, é tudo maravilhoso. Parece outro mundo, parece que não é minha vida. E ontem, quando te vi, mesmo que de longe, fez meu dia mais feliz. Teu sorriso, teu olhar, teu abano. Me bastou. Não posso mais esconder e não quero mais esconder.

Blitz.

Era o Dia do Trabalho, mas ninguém trabalhou. Feriado para todo o Brasil e aquela vontade de sair de casa, ver os amigos. Fazer uma coisa diferente, já que eu estava fora da minha rotina da capital. Combinamos então de ir tomar chimarrão, comer pipoca. A fofoca a gente nem precisou combinar porque isso já é normal das mulheres.

Peguei o carro e fui buscar as gurias, casa por casa, até chegar nos fundos da rodoviária, nosso ponto de encontro. Fizemos o chimarrão, comemos pipoca, olhamos o baita filme da sessão da tarde e partimos. Só não sei pra onde. Resolvemos ir pra cidade vizinha onde tinha shows e comemorações promovidas pela Prefeitura Municipal.

Voltamos para a cidade estrelada. Paramos na frente de um supermercado na principal avenida e conversamos, rimos, conversamos, rimos... até que eu cansei. Precisava ir embora. E como só a Amanda quis me acompanhar, levei ela no seu pai e continuei seguindo até meu lar doce lar.

E de repente me param. Uma blitz da Brigada Militar. Nunca tinha sido parada nesse tipo de coisa, e tava com medo que alguma coisa desse errado, afinal, ainda tenho a carteira provisória. Documento do carro e habilitação. Gelou, não achei minha bolsa por perto. Deixei-a o dia inteiro no porta-malas do carro. Desci, abri e nada de bolsa. Me deu um gelo, mas eu estava com os documentos, lembro perfeitamente. Ela tava só escondida.

Encontrei, entreguei para o guarda e ele avisou que minha CNH vence dia 14 de maio. E eu bem feliz respondi que ainda bem. A próxima é a permanente! Então ele quis um número para contato. E me deu um branco. Esqueci completamente de qualquer número. Lembrei que o de casa, aqui de Estrela, tem um 7 e um 1. Falei o número e logo que termino, dou conta que disse o número errado. Ai, ai. Não acredito que eu fiz isso.

Depois disso fui liberada, e claro que tinha que acontecer um último imprevisto dessa minha parada. Fui arrancar e o carro apagou. Era o que me faltava. Nem olhei mais para os brigadianos e segui meu caminho.

Só sei que minha primeira blitz será inesquecível, assim como todas as coisas novas que realizamos na vida.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Notas.

Nunca fui a aluna exemplar. Desde os tempos de colégio, ou melhor, desde o Ensino Fundamental sempre peguei recuperações e exames em quase todas as disciplinas. E no final do ano era hora de correr atrás do tempo perdido e estudar a matéria do ano todo pra poder continuar acompanhando minha turma nos próximos anos. Logo depois que me formei no Ensino Médio, me matriculei em duas disciplinas na Unisinos. Foi só duas porque eu não sabia como seria meu rendimento, e vai que eu rodasse, estaria desperdiçando muito dinheiro e tempo. E por incrível que pareça, faz 3 anos e meio que eu não pego recuperação, agora GC. Considero-me uma aluna exemplar na faculdade. Sempre fiz os trabalhos propostos e me superava nas provas. Confesso que sempre dá um friozinho na barriga quando vou recebê-las, porque agora estudo muito menos do que quando estava no colégio. A única diferença é que agora me interesso pelos assuntos estudados. Uma das disciplinas desse semestre é do curso de Relações Públicas: Comunicação e Legislação Aplicada. Dizem que não é muito fácil, e recebi minha nota ontem. Mais um 10 pra coleção. E assim eu me animo a continuar estudando e lendo para que as recuperações do colégio não sejam repetidas na faculdade.

domingo, 13 de abril de 2008

Encontrando vizinhos.

Estrela é a cidade onde meus pais moram faz 13 anos. Eu vivi lá aproximadamente 12 deles. Com 30 mil habitantes, o círculo de amizades é grande. Se não conhece todos, conhece alguém da família.

Quando me mudei pra Porto Alegre, cidade com 1,5 milhão de habitantes, a coisa é diferente. É muito difícil encontrar alguém conhecido quando se sai de casa. Nem mesmo meus vizinhos de andar eu conheço. Se conheço é de vista. Se quer sei seus nomes e o que fazem da vida, há quanto tempo moram ali.

Eu e minha amiga de sempre até sonhamos em fazer uma festa de integração pro pessoal de prédio se conhecer e nós fazermos algumas amizades. Afinal, são 24 andares. Cada andar tem quatro apartamentos. Mais vizinhos do que eu tenho em três quadras lá em Estrela.

O difícil seria se organizássemos mesmo essa integração. Enviaríamos o convite, mas quem acreditaria na gente, sendo que nem nos conhecem? É complicado isso. E na capital o pessoal tem receio de qualquer coisa.

Assim, vou conhecendo meus vizinhos aos poucos. Mas só de vista. Um “oi” e um “tchau” no elevador. Passarão muitos anos de minha vida, verei as pessoas todos os dias, mas só.

Cada vez mais me certifico que é “cada um por si e Deus por todos”.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Cegueira Branca.

Um dia cheguei aos livros de José Saramago, ou melhor, em um de seus livros. O titulo: Ensaio sobre a Cegueira. Um amigo me indicou e comecei a fazer uma lista de todos livros do autor que eu iria retirar, e conseqüentemente, ler.
Esse livro é tipo O Código da Vinci. Tu começa a leitura e precisa saber o que irá acontecer. Não precisa fazer outra coisa a não ser ler, ler e ler mais para que logo o mistério termine. Ou então, tu consiga desvendar o mistério. Eu não consegui desvendar... tive que esperar que as palavras do autor me indicassem o final do romance.
Indico a leitura para todos, e abaixo, uma foto inspiradora. Coloquei como título: Cegueira Branca.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Confiança Zero.

Acredito que todas as pessoas já tenham mentido alguma vez para pessoas que gostam muito. Os motivos são variados, mas convenhamos, não se pode viver em uma vida de mentiras.

Minha relação era legal. Ta, talvez sufocante porque eu não conseguia confiar nele. Sempre me senti muito mal, porque nossas brigas eram sempre minha culpa. Eu era a ciumenta, eu que sufocava. E de uns oito meses pra cá, descobri que a culpa era das mentiras que ele contava.

Até hoje é difícil de acreditar que depois de quatro anos de relacionamento a gente nem se cumprimente “na rua”. Parecemos estranhos. Só em saber que contei tantas histórias, tantos segredos. Sempre achei que com ele estava segura. Mas segura do que? Acho que de nada.

Hoje, quando lembro, fico questionando se todas as vezes que ele disse “eu te amo” foram verdade ou mentira. É que não é qualquer pessoa que termina um namoro por telefone, dizendo simplesmente que não te ama mais. Eu posso ter acreditado muitas vezes no teu papinho, mas nesse eu não acreditei. Chega, não me faça mais de idiota.

E aquele ditado que mentira tem perna curta é verdade. Pode até ser uma perna maiorzinha, mas sempre acaba descobrindo. E eu descobri o por que do fim do relacionamento. Mas e as outras mentiras que ele contou? Eu tento, mas se ele continua afirmando que é o santinho, eu não tenho como descobrir mais. Eu tenho é pena de quem está ao lado dele agora.

Pelo menos me fez aprender que não posso confiar em qualquer pessoa que diga “eu te amo”. Também percebo que alguns nasceram para viver uma vida de mentira, e o pior, culpando os outros pelos seus erros.

Já me magoei de mais por tudo isso. Peço encarecidamente a todos que leram, que sejam sinceros comigo, por pior que seja o que tem a me dizer.

E agora amiguinho, vai sair ligando pra tua irmã?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Lenda do 403.

Como muitos sabem quem começa a assistir a série Americana LOST, vicia. Tinha acabado de assistir ao último capítulo da primeira temporada. Ansiosa por saber o que aconteceria a seguir, já estava com o próximo DVD na mão.

Fiz uma pausa para o xixi e diferente das outras vezes em que entrava no banheiro, resolvi chavear a porta. E foi tão fácil. Em nenhuma das outras vezes que havia tentado, consegui. Fiquei muito feliz. Estava difícil de acreditar.

Quando fui sair, ou melhor, tentar sair, não consegui. Aquela chave não virava. Por mais força que eu colocasse, não estava dando certo. E isso não podia estar acontecendo. Se eu consegui fechar, deveria conseguir abrir.

Me senti presa, como se fosse na ilha de LOST. Será que era uma armadilha? Uma maldição dos números? E eu precisava arranjar um meio de virar aquela chave e destrancar a porta. Procurei um óleo no armário. Não achei e lembrei que estava no meu quarto.

O banheiro, que não tem mais que 2 x 2, estava me deixando sufocada. Começou a ficar abafado. Para minha sorte, não sou claustrofóbica. Então tive uma idéia, não para abrir a porta, mas para a circulação. Liguei o exaustor, o que aliviava um pouco a má sorte de estar presa e não poder fazer nada.

Se ao menos tivesse com o celular no bolso ou com alguma revista para ler e passar o tempo. Não tinha nada, e o único lugar para sentar era o vaso sanitário. Sentei e comecei a pensar o que poderia fazer para sair o mais rápido possível de lá. A próxima idéia foi usar sabonete líquido para lubrificar a chave, fazendo o papel de um óleo. Não deu certo. Apelei para um grampo de cabelo para colocar o sabonete dentro da fechadura. Mas nada adiantou. Absolutamente nada.

Peguei a toalha de rosto para colocar entre a chave e minha mão que já doía pela força aplicada para tentar girá-la. Também não deu certo. Senti-me completamente inútil, e agora só me restava esperar. Esperar que os irmãos coragem chegassem a tempo de eu poder pegar o trem e chegar à aula de Comunicação e Legislação aplicada.

Então, dormi sentada. Fiquei com um mau jeito no pescoço. Dormia, acordava, dormia, acordava. De repente ouvi ruídos na porta da frente, barulho da porta do quarto. Finalmente, minha salvação. Gritei, expliquei a situação e a única idéia que vinha em mente era jogar a chave por baixo da porta para o meu irmão emprestado tentar abrir. E ele conseguiu e chegou bem na hora que o calor começou a ficar insuportável.

Enfim, foi uma tarde perdida. Três horas e meia trancada no cubículo. É, hoje é 1º de abril e essa história podia ser pegadinha, mas não. Ela é baseada em fatos reais.

terça-feira, 25 de março de 2008

Aula Inaugural

Era 18h 45min de terça-feira, dia 18 de março. Desci do circular, mas não na parada do 3, como de costume. Meu destino foi o estacionamento, ou melhor, o que fica em frente a ele: o Anfiteatro Padre Werner. Cheguei cedo. Não imaginei que encontraria uma fila para entrar no local. Já eram, aproximadamente, 200 pessoas.

As portas foram abertas às 19 horas. O local, que tem capacidade para 700 pessoas, logo lotou, e os outros ocuparam cadeiras do lado de fora e puderam assistir pelo telão. E antes de tudo, um vídeo falando dos 35 anos do curso de Comunicação na Unisinos. O que foi salientado foi o curso de Jornalismo, o pioneiro do Centro 3.

Um pouco antes do horário previsto, o convidado já estava no palco. José Carlos Brito de Ávila Camargo, mais conhecido como Zeca Camargo, foi o convidado para palestrar na Aula Inaugural dos cursos de Comunicação. E é tão diferente ver ele fora da televisão.

Sua primeira fala foi um “Boa noite”. Parecia que eu estava vendo a abertura do Fantástico. Ele parece mais em forma na TV, me pareceu um pouco mais cheinho ao vivo. Gostei de sua roupa. Nem muito social, nem muito chinelão. Prefeita para a ocasião.

Falou muito sobre sua trajetória profissional. Histórias legais de viagens e outros acontecimentos que renderam livros para o apresentador do Fantástico há 12 anos. E quem diria que ele era editor da Revista Capricho antes? E antes disso tudo professor de dança, com um vídeo de dança do ventre na internet.

Respondeu todas as perguntas com muita calma. Não parecia ter que voltar para o Rio naquela noite, mas aos poucos o tempo foi estourando, e as pessoas cada vez mais desesperadas em fazer perguntas.

Acabou. Um pouco antes das 22 horas, ele se despediu, mas foi tão rápido. E cada vez mais, tenho vontade de não desistir do meu sonho de apresentar um programa Global, qualquer um. Só pra saber se é a mesma coisa, ou pelo menos parecido de uma Assessoria, ou de um jornal.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Fila de Espera.

Quinta-feira de noite. Depois da aula de Redação Jornalística II não faltava mais nada para terminar o dia, exceto chegar em casa e dormir. Entro na fila do Central Rota 3 e espero até as 22h e 15min para que as “portas da esperança” sejam abertas.

Era cedo ainda, e ficaria muito tempo ali esperando. E nos dias de hoje ninguém mais conversa, então teria que ficar ali, olhando pro nada, ou pras pessoas que passam. Hoje, é cada um por si e Deus por todos.

De repente, observo dois rapazes que param na fila atrás de mim. Acredito que não tem como não vê-los. Um é enorme, deve ter uns dois metros de altura e vestia um terno. O outro, tirando estar do lado do gigante, estava com uma cuia na mão. Algo não muito característico dos alunos da Unisinos.

Começo a prestar atenção em suas conversas. Sim, jornalista é metido e curioso. Descubro que o que está com a cuia na mão é de Uruguaiana. O outro, de terno, faz Direito. Até que chega um terceiro com um skate na mão. O papo do trio corre solto, mas aquelas conversas de sempre: Ta trabalhando? Onde? Por quê? Com quem? E o terceiro responde: To morando em Lajeado e trabalhando no escritório do meu pai. Esse também faz Direito.

Opa, ali pertinho! Vamos continuar ouvindo. E o grande: - Mas o pessoal dali é meio colono, né? Uma vez fui lá e fiquei com uma guria que falava eRado. E eu: ah não. Não consigo ficar sem meter o bedelho nessa conversa, onde já se viu falar mal das gurias do Vale do Taquari?

E eu: - Com licença, mas não são todas as garotas que falam errado. E você está generalizando. E continuei ali defendendo as garotas. Afinal, foi uma acusação grave.

Após conversarmos um pouco o assunto não rendeu muito não. Já, o que ta em Lajeado elogiou as moças que são loiras e têm olhos claros. No final nos apresentamos, só eu e o do skate, e combinamos de nos encontrar em algum Café Virtual em Lajeado, quando eu for.

E o com a cuia na mão ainda irei conhecer. Quem sabe eu peça um chimarrão na fila da próxima semana.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Tour

Já estou para fazer esse raio-X há quase um mês. Fui ao médico pedir que ele fizesse o requerimento do exame para depois levar no plano de saúde. E fui enrolando, enrolando. Hoje eu decidi ir.

Liguei para a Santa Casa pedindo mais informações de funcionamento, e se precisava marcar hora. Avisaram-me que era por ordem de chegada e que ficava no Hospital Santa Clara.

Já que o complexo é bem pequeninho eu fui indo, indo e nada de alguma placa com o nome do hospital. Cheguei na administração e perguntei. Me perdi pelo complexo. Vai por aqui, depois por ali, e dobra aqui, pega o elevador, ... Conclusão: pedi informação mais de três vezes.

E finalmente achei o lugar! Oba, e não tinha muita gente na fila. Para minha sorte tenho convênio. As filas do S.U.S. estavam catastróficas e enormes. Então pego uma ficha e aguardo o atendimento.

Assim que sou chamada mostro a requisição e meus documentos. E a moça me informa: não temos convênio com o seu convênio. Legal. Pelo menos agora eu conheço essa parte ali. Se algum dia eu tiver algum outro convênio, quem sabe eu volte.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Cardápio de amanhã.

Tudo o que eu sonhava era com o término daquela aula de legislação. Estudar de manhã e de noite está me matando. Isso que ainda tem os trabalhos incontáveis que já foram solicitados pelos professores da universidade.

Quando o professor comunica o fim da aula, saio com uma fome imensa. Chego correndo em casa com o cardápio já em mente: feijão, arroz e sardinha. A salada que a mãe mandou final de semana já tinha terminado e por eu conseguir gastar horrores quando vou ao mercado, essa semana ele não teve minha presença ilustre.

Primeiro ligo o gás pra esquentar a água pro arroz. Tiro o feijão do potinho e em outra panela já misturo o cereal com o sal e o azeite. Enquanto faço o suco de limão ou a limonada – como preferirem – percebo aquele tradicional cheiro de gás, ou melhor, de quando termina o gás. Era o que me faltava. Já tinha tudo programado pra hoje.

Pego um dos números de tele entrega de gás e ligo. Eles não atendem. A segunda opção gosta de vender. Sou logo atendida e o dinheiro que eu não gastei no mercado essa semana vai para o gás. São preciosos R$ 37,90. Mas isso não é o pior. Eles só poderão fazer a entrega depois das 16 horas. E a minha fome como fica? Comer feijão gelado não dá. Até pensei em fazer um pão com a geléia de uva que a mamãe fez. Minha vontade não deixou. Quero uma coisa salgada.

Meu estômago já está se auto digerindo. Minha solução então é pedir outra tele entrega, só que de comida. Agora só me resta esperar, pelo almoço e pelo gás para que consiga seguir normalmente minha rotina e amanhã quem sabe, poder almoçar feijão, arroz e sardinha.

terça-feira, 11 de março de 2008

Objetivo alcançado, ou quase.

Olho para baixo. Além de ver a sandália que pedi emprestada suja de barro, reparo naquelas britas que não me ajudavam a caminhar bem. O sol já estava nascendo e eu cansada daquela mesma rotina das mesmas festas. Nem sei por que ainda insisto em ir, se bem que em casa não dá pra ficar.

Meu estado: terminal. O sono era tanto que não estava mais consciente. A minha tradicional companheira de baladas vinha me perguntar se eu queria ir embora – e a resposta era sim - mas eu teimava em dizer que tanto faz, já que ela estava se divertindo.

Mas minha vidinha sempre reserva algumas surpresas. No estacionamento, onde quase dormi ao esperar a carona, vejo um objeto diferente. Pena que não é feminino, se não eu arranjaria uma utilidade rapidinho, afinal, “achado não é roubado”. Era uma das peças mais nobres do vestuário masculino, aquela coisa que só se usa em ocasiões extremamente especiais: uma gravata nas cores azul-marinho, roxo e dourado.

Sabia que tinha visto um grupo de amigos vestidos socialmente lá dentro, mas só de passagem. Como nossa vida é feita por objetivos, que às vezes atingimos, às vezes não, o meu era de devolver a peça para o dono.

Não sabia exatamente a quem pertencia, mas já tinha futricado essas páginas de relacionamento na internet e sabia os nomes e os endereços de todo aquele grupinho. O papel agora era de FBI pra localizar pistas concretas. E depois de muito procurar, encontrei uma foto da gravata, ou melhor, de seu dono a vestindo. Pronto! Meio, ou praticamente todo caminho andado.

Próximo passo: deixar algum recado perguntando sobre o assunto. Só que consegui uma missão impossível: deixar o recado. Que raiva que eu tenho de pessoas que bloqueiam esses conteúdos. Só pra atrapalhar a vida que poderia ser muito mais fácil. A solução era mais simples do que qualquer um possa imaginar: adicionar e junto do convite mandar o recado. Mas eu não queria. Imagina se a pessoa é daquele tipinho ignorante que odeia ser adicionada por desconhecidos. Eu não gosto de ter inimigos sem nem mesmo terem sidos amigos.

Ainda bem que foi diferente do que eu imaginava. O convite foi aceito numa boa, só que eu me precipitei. Ninguém tinha dado falta da gravata. E toda essa história foi repetida pra tentar explicar como a encontrei e como cheguei ao dono. E além de fazer uma boa ação – devolver o objeto perdido- espero ter conquistado um novo amigo. E pelo pouco que sei, ainda temos alguns gostos em comum, né perdedor de gravatas?

Sim, o amigo ainda é virtual e o objetivo final ainda não foi realizado. Mais detalhes da devolução no próximo episódio. No mesmo canal.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Tempo Certo.

Oba, hoje é sexta-feira! Como é bom saber que a semana está acabando e poderei ter dois dias de folga. Só que antes disso, aquela aula no turno da noite.

Bom, tenho que terminar de fazer a faxina, resolver o problema do vazamento, tomar banho e arrumar a mala básica que irá fazer um passeio junto comigo pra aula. Já que o espaço da mala é restrito, escolho uma roupa que combine com o sapato, que iria ocupar mais espaço na bagagem, para usar.

Tudo pronto. Estou com sapato de salto agulha e bico fino. O meu trajeto é simples: saio do apartamento, pego o elevador, atravesso toda Salgado, dobro na Borges em direção à estação Mercado do Trensurb. Desço escada, subo escada. Se não fosse o detalhe da mala, estaria tudo certo, tirando o do sapato que já começava a incomodar.

Entro no trem. Aquela correria para disputar a tapas os poucos bancos para sentar. Eu com aquela mala não iria conseguir um lugar nunca. Eram quatro filas de pessoas para a disputa do empurra-empurra e do corre-corre. Fui, então, uma das últimas a entrar para que pelo menos conseguisse me apoiar na porta que fecharia em todo o trajeto. Após a partida do trem, tive a brilhante idéia de sentar em cima da mala, que só atrapalhava e ocupava espaço.

Estava eu lá. Com dor nos pés, cansada, suada, mas pelo menos sentada. Meu objetivo era chegar logo na aula. E pareceu a viagem mais longa da minha vida. As coisas são sempre contrárias: quando queremos que passe rápido, passa devagar. E quando queremos que o tempo pare, ele corre.

De repente, a voz do alto falante anuncia: Estação Luiz Pasteur. Penso então: oba, já está chegando. Falta a Sapucaia e depois é a Unisinos. E de repente a voz anuncia: -Desculpa, Estação São Luís/ Ulbra.

É, poderia ser a Luiz Pasteur, mas como nem tudo em nossa vida é como desejamos, tive que esperar. Esperar o tempo certo pra chegar ao destino desejado. E infelizmente isso não é só nos trilhos do trem.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Quase tudo na mesma.

Era pra ser mais uma festa como todas as outras. A mesma cidade, o mesmo lugar, as mesmas pessoas, as mesmas bebidas, os mesmos preços e as mesmas cantadas. Na maioria, pessoas conhecidas. Mas algo de engraçado e inusitado ainda iria acontecer até o fim da balada.

Enquanto circulava sinto algo me empurrando pelo lado direito do quadril. Quando paro para investigar o que era aquilo, percebo que era um ser masculino, mas não vejo seu rosto, e sim sua bunda. Nossa, eu levei uma bundada? Primeiro achei que era engano. Ele poderia estar dançando e sem querer me empurrou, mas depois, ao longo da noite, recebi mais alguns estranhos empurrões do homem loiro, barba por fazer, porte médio, bem vestido. É, algo inusitado. Normalmente os homens chegam com aquele jeito de garanhões baratos fazendo as perguntas de sempre: “qual teu nome, quer dançar, vem sempre aqui”.

Eu até que estava interessada em saber o motivo daquilo, mas se fosse querer descobrir o porquê, estaria mostrando algum interesse, não na bundada, mas na pessoa. E continuei dançando e rindo das situações inusitadas de uma saída.

O interesse começou a surgir e a aumentar. Começamos a dançar mais próximos e a trocar olhares. Mas eu queria conhecer mais aquela pessoa, que chamou atenção de uma forma estranha, diferente, inusitada. Ai que vergonha, eu não vou conseguir. Mais um tempinho e eu tomo coragem.

De repente eu não o vejo mais. Bom, já eram 5 horas da manhã. O local já estava quase vazio. Ele deve ter ido embora. E como aquela situação tinha sido a expectativa da noite, meu estímulo de continuar lá também não era mais o mesmo.

Para minha surpresa, quando estou na rua esperando a carona, o gatão passa de carro e me nota ali parada, mas em vez de uma busina, ou um grito, ele resolve mostrar a língua. Só para me deixar mais atordoada e culpada por não ter ido perguntar o motivo da perseguição.

Agora só me resta esperar. Esperar para um próximo encontro e uma próxima bundada.